segunda-feira, 30 de março de 2009

A doença do ignorante é ignorar a sua própria ignorância

Tive um colega de turma uma vez que era o cúmulo da ignorância. Não da ignorância de não saber as coisas porque não teve oportunidade, mas daquela ignorância de não querer aprender ou aceitar o diferente.

Pra começar, ele se sentia mal porque era o único homem numa turma com nove mulheres. No começo se fazia de desentendido, fazia brincadeirinhas, achando que levava a gente no papo.

Mas acontece que era um curso cuja metodologia privilegiava a discussão, e aí ele se doía quando alguém não concordava com a opinião dele, ou quando numa votação o voto dele era vencido. Dizia que ali ele sempre seria voto vencido por ser o único homem. E a gente tentava fazer ele entender que ele era voto vencido porque não concordava com a maioria. No dia que a opinião dele fosse a da maioria, ele ganharia!

Mas o grande problema é que ele não se conformava que a gente não concordava com as opiniões dele. E ao invés de ouvir a opinião do outro, digerir, pensar e formular uma argumentação, ele simplesmente não escutava nada que a gente falava.


Interrompia o tempo inteiro e depois argumentava a mesma coisa que já havia falado antes. E falava, e falava, e falava...quando começava, não parava mais. E não percebia que ninguém agüentava mais ele falando!!!

Lembro que no primeiro dia de aula, cada um teve que se apresentar e falar um pouco de sua trajetória, porque estava ali. Todo mundo levou mais ou menos uns 3, 5 minutos. O cara falou por 20 minutos!!!! Eu dormi, acordei, e ele ainda tava falando!!!!

Um dia ele veio me falar em tom de brincadeira que eu ‘falava demais’ (odeio quando as pessoas fazem essa brincadeirinha pra querer dizer que eu sou tímida e falo pouco). Aí eu disse que eu falava quando tinha algo relevante a falar, que não ia falar só pra marcar presença, e que eu aprendi que mais importante que falar, é escutar. Afinal, “os sábios falam pouco e dizem muito; os ignorantes falam muito e dizem pouco”.

Como era sindicalista e o mais velho da turma, achava que sabia mais que as garotas novinhas. E que as coisas só se resolviam com o voto, e não com a discussão.
Era tudo ou preto ou branco! E ai de quem tivesse uma opinião contrária. Principalmente se o assunto fosse política. O problema é que apesar de sindicalista, ele era uma ovelha que seguia tudo que o partido mandava. Não pensava por conta própria. Chegou a afirmar que as pessoas só protestavam contra as Olimpíadas na China, porque a China era comunista!!!! O cara que se dizia tão sabido quando o assunto era política, não sabia nem o que era comunismo! Pelo jeito nunca leu Marx na vida!

Não me acho a sabe-tudo, nem melhor que os outros. Mas sei aceitar outras opiniões e nunca canso de aprender. Admito quando não sei algo sobre um assunto, e não tem vergonha disso. Não tenho problema em mudar de opinião se o argumento me convence. E acredito que todos, até mesmo uma pessoa como ele, têm muito a ensinar, e estou sempre disposta a aprender.

O que não me conformo é quando as pessoas perdem a oportunidade de aprender, de evoluir, por puro preconceito. Se agarram cegamente a uma verdade e não aceitam enxergar o mundo de forma diferente! E, pior, não aceitam que possam estar erradas! E não aceitam que alguém mais novo, mais inexperiente, menos instruído, possa saber mais que elas!!!

“O que se qualifica em alguns homens como firmeza de caráter não é ordinariamente senão emperramento de opinião, incapacidade de progresso, ou imutabilidade da ignorância”

2 comentários:

Anônimo disse...

passa no meu (por em quanto só tem uma publicação).

michel estrada disse...

vc é um grande ser humano hahaha
(mas eu precizo escrever alguns livros sobre a filosofia da sobrevivencia e objetividade) ASUHSAUHSAUHSUH